segunda-feira, 4 de outubro de 2010

APRENDIZADO - Ferreira Gullar

Poema perfeito de um poeta perfeito.

Aprendizado
Ferreira Gullar



Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.

Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão

que a vida só consome
o que a alimenta.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Nosso tempo

“Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento”
Clarice Lispector


Hoje estive pensando no nosso tempo, nas coisas que nos acontecem diariamente e de como o ser humano está cada vez menos humano e a poesia de Drummond diz tudo.

Nosso Tempo

Carlos Drummond de Andrade



I



Este é tempo de partido,

tempo de homens partidos.



Em vão percorremos volumes,

viajamos e nos colorimos.

A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.

Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.

As leis não bastam. Os lírios não nascem

da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.



Visito os fatos, não te encontro.

Onde te ocultas, precária síntese,

penhor de meu sono, luz

dormindo acesa na varanda?

Miúdas certezas de empréstimo, nenhum beijo

sobe ao ombro para contar-me

a cidade dos homens completos.



Calo-me, espero, decifro.

As coisas talvez melhorem.

São tão fortes as coisas!



Mas eu não sou as coisas e me revolto.

Tenho palavras em mim buscando canal,

são roucas e duras,

irritadas, enérgicas,

comprimidas há tanto tempo,

perderam o sentido, apenas querem explodir.



II



Este é tempo de divisas,

tempo de gente cortada.

De mãos viajando sem braços,

obscenos gestos avulsos.



Mudou-se a rua da infância.

E o vestido vermelho

Vermelho

cobre a nudez do amor,

ao relento, no vale.



Símbolos obscuros se multiplicam.

Guerra, verdade, flores?

Dos laboratórios platônicos mobilizados

vem um sopro que cresta as faces

e dissipa, na praia, as palavras.



A escuridão estende-se mas não elimina

o sucedâneo da estrela nas mãos.

Certas partes de nós como brilham! São unhas,

anéis, pérolas, cigarros, lanternas,

são partes mais íntimas,

a pulsação, o ofego,

e o ar da noite é o estritamente necessário

para continuar, e continuamos.



III



E continuamos. É tempo de muletas.

Tempo de mortos faladores

e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,

mas ainda é tempo de viver e contar.

Certas histórias não se perderam.

Conheço bem esta casa,

pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,

a sala grande conduz a quartos terríveis,

como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,

conduz à copa de frutas ácidas,

ao claro jardim central, à água

que goteja e segreda

o incesto, a bênção, a partida,

conduz às celas fechadas, que contêm:

papéis?

crimes?

moedas?



o conta, velha preta, ó jornalista, poeta, pequeno historiador urbano,

ó surdo-mudo, depositário de meus desfalecimentos, abre-te e conta,

moça presa na memória, velho aleijado, baratas dos arquivos, portas rangentes, solidão e asco,



pessoas e coisas enigmáticas, contai,

capa de poeira dos pianos desmantelados, contai;

velhos selos do imperador, aparelhos de porcelana partidos, contai;

ossos na rua, fragmentos de jornal, colchetes no chão da costureira, luto no braço, pombas, cães errântes, animais caçados, contai.

Tudo tão difícil depois que vos calastes...

E muitos de vós nunca se abriram.



IV



É tempo de meio silêncio,

de boca gelada e murmúrio,

palavra indireta, aviso

na esquina. Tempo de cinco sentidos

num só. O espião janta conosco.



É tempo de cortinas pardas,

de céu neutro, política

na maçã, no santo, no gozo,

amor e desamor, cólera

branda, gim com água tônica,

olhos pintados,

dentes de vidro,

grotesca língua torcida.

A isso chamamos: balanço.



No beco,

apenas um muro,

sobre ele a polícia.

No céu da propaganda

aves anunciam

a glória.

No quarto,

irrisão e três colarinhos sujos.



V



Escuta a hora formidável do almoço

na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se.

As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.

Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos!

Os subterrâneos da tome choram caldo de sopa,

olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.

Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida,

mais tarde será o de amor.

Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.



O esplêndido negócio insinua-se no tráfego.

Multidões que o cruzam não vêem. É sem cor e sem cheiro.

Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul,

vem na areia, no telefone, na batalha de aviões,

toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem.



Escuta a hora espandongada da volta.

Homem depois de homem, mulher, criança, homem,

roupa, cigarro, chapéu, roupa, roupa, roupa,

homem, homem, mulher, homem, mulher, roupa, homem

imaginam esperar qualquer coisa,

e se quedam mudos, escoam-se passo a passo, sentam-se,

últimos servos do negócio, imaginam voltar para casa,

já noite, entre muros apagados, numa suposta cidade, imaginam.



Escuta a pequena hora noturna de compensação, leituras, apelo ao cassino, passeio na praia,

o corpo ao lado do corpo, afinal distendido,

com as calças despido o incômodo pensamento de escravo,

escuta o corpo ranger, enlaçar, refluir,

errar em objetos remotos e, sob eles soterrado sem dor,

confiar-se ao que-bem-me-importa

do sono.



Escuta o horrível emprego do dia

em todos os países de fala humana,

a falsificação das palavras pingando nos jornais,

o mundo irreal dos cartórios onde a propriedade é um bolo com flores,

os bancos triturando suavemente o pescoço do açúcar,

a constelação das formigas e usurários,

a má poesia, o mau romance,

os frágeis que se entregam à proteção do basilisco,

o homem feio, de mortal feiúra,

passeando de bote

num sinistro crepúsculo de sábado.



VI



Nos porões da família,

orquídeas e opções

de compra e desquite.

A gravidez elétrica

já não traz delíquios.

Crianças alérgicas

trocam-se; reformam-se.

Há uma implacável

guerra às baratas.

Contam-se histórias

por correspondência.

A mesa reúne

um copo, uma faca,

e a cama devora

tua solidão.

Salva-se a honra

e a herança do gado.



VII



Ou não se salva, e é o mesmo. Há soluções, há bálsamos

para cada hora e dor. Há fortes bálsamos,

dores de classe, de sangrenta fúria

e plácido rosto. E há. mínimos

bálsamos, recalcadas dores ignóbeis,

lesões que nenhum governo autoriza,

não obstante doem,

melancolias insubornáveis,

ira, reprovação, desgosto

desse chapéu velho, da rua lodosa, do Estado.

Há o pranto no teatro,

no palco? no público? nas poltronas?

há sobretudo o pranto no teatro,

já tarde, já confuso,

ele embacia as luzes, se engolfa no linóleo,

vai minar nos armazéns, nos becos coloniais onde passeiam ratos noturnos,

vai molhar, na roça madura, o milho ondulante,

e secar ao sol, em poça amarga.



E dentro do pranto minha face trocista,

meu olho que ri e despreza,

minha repugnância total por vosso lirismo deteriorado,

que polui a essência mesma dos diamantes.



VIII



O poeta

declina de toda responsabilidade

na marcha do mundo capitalista

e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas

promete ajudar

a destruí-lo

como uma pedreira, uma floresta,

um verme.

De volta ao começo....

Gente, depois de exatos 7 meses, estou de volta. criei alma nova e resolvi editar as as coisas de que gosto. Nossa foi uma gestação de 7 meses! nesse período fiz muitas coisas, principalmente cuidar de mim. Hoje me sinto mais bonita, com mais vigor e pronta pra luta, como sempre. Para esse momento, esta música do Gonzaguinha cai bem, e na voz da Nana é demais.

De Volta Ao Começo
Gonzaguinha
Composição: Gonzaguinha


E o menino com o brilho do sol
Na menina dos olhos
Sorri e estende a mão
Entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração
E eu entro na roda
E canto as antigas cantigas
De amigo irmão
As canções de amanhecer
Lumiar e escuridão
E é como se eu despertasse de um sonho
Que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito
Com as cores que eu não sonhei
E é como se eu descobrisse que a força
Esteve o tempo todo em mim
E é como se então de repente eu chegasse
Ao fundo do fim
De volta ao começo
Ao fundo do fim
De volta ao começo

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nélida Piñon

Recebi a revista istoé de hoje e me encantei com a entrevista maravilhosa da escritora Nélida Piñon. Leiam, é preciso.
istoé 2102


Nélida Piñon
"BRASÍLIA É UM CELEIRO DE MEDIOCRIDADES"

A escritora brasileira diz que a classe política só se preocupa com o mercado e esquece de pensar um projeto para o País

Francisco Alves Filho

CRÍTICA
Para Nélida, o baixo índice de leitura é uma das fragilidades do Brasil

É com jeito afável e sorriso acolhedor que Nélida Piñon, 72 anos, critica, reclama, reivindica. Autora de 20 livros e primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras (1996 a 1997), ela não se acomoda aos louros que conseguiu e se mostra inquieta. A mais recente das homenagens foi o prêmio Casa de Las Américas – instituição cubana que apoia e premia escritores latinos –, anunciado há três semanas, pela obra “Aprendiz de Homero”. Na entrevista concedida na sala de seu apartamento, com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio de Janeiro, ela pouco fala da premiação. Seu assunto predileto é o cenário cultural do País, que considera empobrecido pela massificação e pela deficiente formação educacional do brasileiro. Apesar disso, a escritora se mostra esperançosa. “Tudo é reversível.


"A criação brasileira está imersa no esquecimento, por conta do rock.
As letras são de uma indigência extraordinária"

O humano é um ser de transformação”, diz. Durante a conversa, vez ou outra Nélida troca a língua portuguesa pela espanhola. Um resquício de sua origem hispânica e do contato constante com os autores daquele país, em especial com os da região da Galícia. Nesta entrevista à ISTOÉ, Nélida descreve o Brasil por meio da arte e da educação – ou da sua falta. Para ela, uma das “fragilidades” do País é o baixo índice de leitura e aponta flagrantes de “colonialismo” para explicar a preferência nacional por escritores estrangeiros.


"Leia-se o romance ‘Guerra e Paz’, do escritor russo Leon Tolstoi,
e se compreenderá tudo o que Napoleão Bonaparte não soube entender"


Istoé -

Qual a importância dos prêmios literários?


Nélida Piñon - Eles ajudam a obra do escritor e ajudam a classe literária. Tenho a sensação de que a vida longa, o empenho, os estudos, o acúmulo de tarefas que foram cumpridas com dignidade e empenho intelectual, tudo isso foi de algum modo reconhecido. Nós, autores, não temos o reconhecimento que merecemos no mundo e aqui no Brasil precisaríamos de uma grande revisão. O público brasileiro ainda tem traços de colonialismo.
Istoé -

Onde esse colonialismo se manifesta?


Nélida Piñon - Basta ver a lista dos mais vendidos. De um modo geral, um ou dois nomes brasileiros, geralmente um grande número de autores estrangeiros. O escritor de fora chega ao Brasil com altas credenciais, algo que não se transfere para um bom autor brasileiro.
Istoé -

Por que há sempre mais escritores estrangeiros nas listas de livros mais vendidos no Brasil?


Nélida Piñon - O público talvez não queira se ver na sua literatura. Além disso, há a atração pelo desconhecido, pelos nomes internacionais. O que está ocorrendo no mundo é uma massificação tão intensa que não abre brecha para as exceções, para os textos refinados e não pasteurizados. Não se aceita a singularidade.
Istoé -

Esse processo é reversível?


Nélida Piñon - Certamente. Esses ditames são revogáveis. Hoje alguém pode ter um comportamento intransigente quanto a um universo que poderia ser considerado anacrônico, e, de repente, através de um fenômeno sociológico, a juventude pode se voltar de forma apaixonada para sua história. Pode haver uma reversão.
Istoé -

Essa reviravolta viria dos jovens?


Nélida Piñon - Os jovens são massacrados por um tipo de arte repetitiva. Há muito tempo a criação brasileira está imersa no esquecimento, por conta do rock, do pop. As letras das músicas são de uma pobreza, de uma indigência extraordinária. Dificilmente surge um grande letrista. A arte brasileira tem voos extraordinários. Não defendo que nos fechemos. Sou uma mulher que tem paixão pelos gregos, pelos clássicos. Todos os grandes autores da civilização ocidental me aperfeiçoaram, mas não afugentaram minha índole pátria. Nunca dei as costas à realidade brasileira.
Istoé -

Isso faz o público ficar embrutecido?


Nélida Piñon - O que está em pauta é uma existência acelerada, sem tempo para refletir. Não é só no Brasil, isso se alastra pelos outros países. Só que eles têm uma infraestrutura cultural muito sólida, grandes universidades, grandes bibliotecas, grandes museus, estão mais preparados para levantar muros e permitir que a banalidade se expresse, mas não derrube as muralhas de Jericó. O Brasil tem muitas fragilidades culturais, é um país onde a leitura é uma raridade.
Istoé -

Mas há avanços. Reduzimos o analfabetismo, por exemplo.


Nélida Piñon - Isso é muito relativo porque as pessoas não entendem o que leem. A leitura induz a processar o conceito. Se ao ler você não entende o que alguém está dizendo e se não exerce a crítica diante do que lhe está sendo dado, não apreende e passa a ser apenas um escravo da informação.
Istoé -

Qual é a solução para esse pro­blema?


Nélida Piñon - Eu enfatizo a educação. E uma educação que não queira manter a infância pobre no gueto. Porque há uma tendência, em nome de uma falsa valorização da origem da criança, de dar somente o que já seja do meio dela. Não. Esses pequenos, seja qual for a origem, devem ser tratados como aristocratas. A educação dessa criança brasileira, “pobrinha”, que já sofre terríveis transtornos sociais, deve criar condições para ela ser tratada como se fosse de classe média alta.
Istoé -

Como a sra. avalia as condições atuais da educação brasileira?


Nélida Piñon - Hoje, muitos alunos vão para a escola e saem sem saber nada. É também preciso dar condições de higiene, comida... Se uma criança mora num barraco com oito pessoas e sem essas condições, não vai estudar. Vai apenas sobreviver.
Istoé -

A classe política brasileira dá a esse tema a importância devida?


Nélida Piñon - Brasília é um celeiro de mediocridades, não há uma reflexão sobre o Brasil. Nos discursos dos políticos, em geral, não se percebe um projeto brasileiro. A vida política nacional está deficitária em talentos, lhe falta dimensão moral e intelectual. Como brasileira, não posso perdoar uma coisa dessas num país que teve grandes oradores e excepcionais intérpretes do Brasil, como Machado de Assis e Heitor Villa-Lobos, gente que buscou conhecer nossa identidade.
Istoé -

A sra. acredita que o quadro político está tão ruim assim?


Nélida Piñon - O projeto qual é? Para onde nós vamos? O que queremos? Só se fala em mercado. Dinheiro é essencial e tenho o maior respeito, porque o dinheiro leva o pão para a mesa. Mas é preciso que me deem pão e circo. E quero também um projeto brasileiro. O que vamos fazer com a educação do Brasil? Nós tivemos grandes educadores. O que aconteceu com as propostas desses homens?
Istoé -

O que a sra. acha do livro eletrônico, o Kindle?


Nélida Piñon - Só vi um de longe, que era de um amigo que estava hospitalizado. Ele disse que gostou, porque se não fosse aquele objeto teria que levar para o hospital uma quantidade enorme de livros. Não aprendi a usar, dizem que o presidente da Academia Brasileira de Letras vai presentear os acadêmicos com um desses. Eu receberei com enorme gosto. Não quero me fechar às experiências que possam ser interessantes.
Istoé -

O hábito de leitura está ameaçado pela internet?


Nélida Piñon - Nos Estados Unidos algumas editoras estão propondo a seus autores que liberem seus livros sem qualquer cobrança como meio de vender a imagem do escritor. São tempos de transformação, não sei o que vai acontecer. Mas sei que a literatura de categoria vai sobreviver. Mesmo que estejamos debaixo das catacumbas. Também acho que se a humanidade optar pela barbárie e determinar que a literatura ou a grande música e a pintura não são mais necessárias, assim será.
Istoé -

O paradigma atual é comercial?


Nélida Piñon - Um dos maiores riscos do escritor de hoje não é não ter leitor ou não vender livros. Pior que isso é alienar a sua inteligência e a sua criação, renunciar à sua soberania estética para seguir as diretrizes e imposições do mercado.
Istoé -

Isso tem acontecido frequentemente?


Nélida Piñon - Uma vez tive uma conversa num jantar com o Gore Vidal (escritor americano) sobre esse assunto. Eu disse a ele que chegaria o momento em que não se faria mais o monólogo final da Molly, no “Ulisses”, de James Joyce (um texto longo, sem vírgula). Porque hoje todo mundo sabe que uma vírgula pode valer muitos dólares – ou seja, o texto curto, que não dá trabalho para ser lido. Então o escritor põe a vírgula. Um outro sabe o que deve pôr no livro para interessar aos leitores e vai escrever de modo que os editores comprem o seu livro. É assim que está.
Istoé -

Qual deveria ser a posição do escritor diante das regras do mercado?


Nélida Piñon - É preciso ter aquela inocência associada à paixão literária. Não importa o que você faça, o que vai valer é a sua decisão. Mesmo que depois você não desperte o interesse do editor. Mas assim exerce a soberania até às últimas consequências. Isso proporciona uma liberdade extraordinária para o artista. Nenhum prêmio substitui esse espírito de liberdade, de não temer o mercado, não temer o leitor descuidado e não temer as livrarias que não querem mais expor o seu livro.
Istoé -

A sra. concorda com quem diz que ler, seja lá o que for, é sempre bom?


Nélida Piñon - Já disse muito isso. O mercado, no entanto, usa tais artimanhas e leitor não passa para a etapa seguinte. Fica naquela fase dos livros insignificantes, medíocres, que não o comprometem com seu destino humano. Mas, de uma maneira geral, ler é uma experiência magnífica.
Istoé -

Por que a ficção foi relegada a segundo plano?


Nélida Piñon - Isso também é uma etapa, não vejo como uma estação terminal. Há décadas anunciam a morte do romance, a morte da criação, a morte da invenção. Mas os grandes escritores continuam publicando e os jovens de talento também. A ficção é um paradigma. A grande ficção educa, é pedagógica.
Istoé -

A biografia é um dos gêneros de maior sucesso. O que acha?


Nélida Piñon - Uma biografia é interessante, mas não fala dos grandes sentimentos que presidem a trajetória humana, os antagonismos destes sentimentos. Não se descobre a sociedade através de uma biografia, porque é só um indivíduo. A literatura é um arquétipo. Não se pode entender a França sem Honoré de Balzac. Para se entender quem somos, deve-se ler “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes. William Shakespeare estabelece pautas morais, até metafísicas. Nada no mundo nos dá isso. Leia-se o romance “Guerra e Paz”, do escritor russo Leon Tolstoi, e se compreenderá tudo o que Napoleão Bonaparte não soube entender. A realidade está sujeita a uma interpretação, a uma versão privada.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

PARA PENSAR...

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada." [ Clarice Lispector ]

Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar.. Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim,
aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre." (Bob Marley)

Quando sentires a saudade retroar
Fecha teus olhos e verá o meu sorriso.
E eternamente te direi a sussurrar...
O nosso amor a cada instante está mais vivo!


Quem sabe ainda vibrará em teus ouvidos
Uma voz macia a recitar muitos poemas...
E te expressar que esse amor em nós ungido
Suportará toda distância sem problemas...


Quiçá, teus lábios sentirão um beijo leve
Como uma pluma a flutuar por sobre a neve,
Como uma gota de orvalho indo ao chão.


Lembrar-te-ás toda a ternura que expressamos,
Sempre que juntos, a emoção que partilhamos...


Nem a distância apaga a chama da paixão.
(Guimarães Rosa)

domingo, 31 de janeiro de 2010

Pra voce, Bambino

Só eu posso te chamar assim dessa forma tão carinhosa como voce merece. e aqui a sua música favorita. é tão bom quando a gente se liberta de certas amarras. Acho até que estou me sentindo como La Niña, não o furacão,com os seus estragos, mas por ele ter arrastado, aqui dentro, muita coisa que não vale a pena.

SANGUE LATINO
"Jurei mentiras e sigo sozinho
Assumo os pecados
E os ventos do norte não movem moinhos
E o que me resta é só um gemido
Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minha alma cativa
Rompi tratados, trai os ritos
Quebrei a lança, lançei no espaço
Um grito, um desabafo
E o que me importa é não estar,
E o que me importa é não estar,
E o que me importa é não estar vencido
...
e o q importa é nao estar vencido..."

Emocionante

Ontem, dia 30, fui ao Concerto da Maristela Gruber no Palácio da Música. foi lindo, emocionante. tive que esperar um pouco, pois só colocaram 80 ingressos para o público e aí muita gente ficou esperando, inclusive eu, para sobrar uma vaga. aí antes de começar avisaram que tinham disponíveis mais vinte vagas e aí consegui entrar. Valeu a pena!