Há dias eu estava procurando este poema da Ednólia. Já postei um vez. é perfeito.
QUALQUER DIA
Ednólia Fontenele
qualquer dia eu vou morrer abandonada,
num brejo de poesias desgastadas,
e o silêncio e as noites povoadas
hão de valer por mim.
qualquer dia eu vou sumir como a
poeira de um móvel que deve ser
retirada.
qualquer dia eu engolirei um oceano
de protesto e transbordarei uma lagoa
de silêncio .
qualquer dia castrarei minha palavra
para que fale de poesia, gente, chão
e mundo.
qualquer dia desenterrarei dos escom-
bros
do meu e do seu medo uma mulher excel-
sa, magna,
brava e forte, e a denominarei poesia,
poesia
falante, cantante... ou talvez gritan-
te ...
qualquer dia eu te ameaçarei de amor
ou talvez de morte,
(morrer é amar morte).
qualquer dia ao me ver miserável
errante, talvez eu pare e pense
em você, e o silêncio atroz que
fizer pousada no meu corpo pouco,
há de falar mais alto que a mudez
de teus gritos ao me
dizer ... te amo.
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