"A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação."
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
"Haja ou não deuses, deles somos servos.
Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo... Álvaro de Campos
Nenhuma idéia brilhante consegue entrar em circulação se não agregando a si qualquer elemento de estupidez. O pensamento coletivo é estúpido porque é coletivo: nada passa as barreiras do coletivo sem deixar nelas, como real de água, a maior parte da inteligência que traga consigo.
Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária."
(frases de Fernando Pessoa)
IMPULSOS INSUPORTÁVEIS - Rosa Kapila
Do blog rosakapila.zip
“Se um autor escrevesse apenas para a sua época,
eu teria que quebrar minha caneta e jogá-la fora.”
( Victo Hugo )
Nenhuma aula de literatura
Vai dar conta de todas as pessoas dentro de nós.
Fui refugiar-me em Santa Teresa
Nessa boca-de-noite canhestra.
Parece que há mil anos morei por aqui.
Quando sinto impulsos insuportáveis
/este é meu caminho.
Vi numa roda de malhação de judas
O bisneto de Augusto dos Anjos e no bonde
/a bisneta de Cora Coralina
só me falta dar de cara com os sobrinhos de Bandeira.
Num encontro ancestral estaria Paraíba/ Pernambuco
/ e Goiás.
Paulo dos Anjos vem me beijar cheio de farinha de trigo...
Ele é o ator principal da peça que se desenrola
No Largo dos Guimarães.
Ai minha Santa Teresa saudades tenho de ti.
Desço a Ladeira pela André Cavalcante,
/ rua em que morou Carmen Miranda.
Com um pedaço de pau afugento os cachorros...
Só então me recordo do sonho... uma onça roubava os
/cigarros de Ícaro e fumava tirando onda
/com minha cara.
Com “a neura” do sonho voltei para as escadarias
/e subi no bonde que apontava.
Hoje não é meu dia
Eu detesto Hoje.
Eu quero matar/sangrar/retalhar o dia de Hoje.
Hoje eu sou Anne Sexton naquele poema-pesadelo
“A mulher do fazendeiro”:
“(...) e ela o desejava aleijado ou poeta, ou ainda
/mais solitário,ou, às vezes, melhor, meu amado morto.”
Olha só, Sexta-feira chegou alguém no meu trabalho distribuindo este poema. eu não o vi. foi a minha colega de sala que recebeu e me deu. Resolvi postar aqui.
"Quando o homem e a mulher se amam em verdade,
o eu sucumbe, o nós ressuscita;
para eles o ideal é a soma,
o subtraair não compensa;
o dividir inexiste, o
multiplicar é a meta e,
entre si, se assim o fizerem,
com certeza,
em suas vidas,
para sempre,
a ternura será rio perene,
a primavera;
a felicidade,
completa e eterna,
tão eterna quanto o próprio tempo."
(V. de Araújo)
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