Hoje acordei de repente às 5 horas da manhã. Um episódio que me aconteceu há alguns anos atrás me veio à mente. Eu devia ter uns trinta e cinco anos. Sabe aquelas coisas que estão no novelo de linha da tua vida e que volta e meia solta um fio e voce começa a puxar, a puxar. Pois é, fiquei um tempão pensando, puxando um pedaço de linha e não dormi mais.
Estava eu em uma reunião de trabalho. Era início do ano. Ao iniciar a reunião, participamos de uma dinâmica de grupo - eu e meus colegas - .Cada um colocou no papel o nome de uma fruta com a qual se identificava, sem colocar o seu nome. Depois com todas as frutas juntas, cada um pegou um papel e tentou advinhar quem seria a pessoa, fazendo uma comparação com a fruta ou justificando a escolha da fruta. eu coloquei no meu papel "Manga rosa". Foi o primeiro nome que me veio à mente, embora, à época, eu nem gostasse muito de manga.
A pessoa que pegou o meu papel começou a falar. Não havia nada escrito. O diabo é que não me lembro bem quem foi. Acho que foi a Pastora, que já não trabalha mais conosco. Aqui vou tentar juntar os pedaços de palavras ditas naquele momento e que me sensibilizaram demais. Nunca alguém me tinha feito uma descrição daquelas.
"Esse teu rosto tranquilo, sereno, rosado, de mulher bem amada, parece não ter sofrido as marcas do tempo e não sei se há tristezas ou dores por trás dele. a cada dia, como uma manga que vai amadurecendo, ele fica mais bonito. a acidez própria da juventude e da manga ainda verde deu lugar agora a uma fruta doce, saborosa e tenra, de encher os olhos. De longe, quando ainda não nos conhecíamos bem, por se mostrar sempre tão segura e dona de si, o seu coração parecia duro como o caroço da manga que foi se solidificando com o tempo. De perto, quando a conhecemos melhor, sentimos na tua fala e nos teu gestos, quão grande é o teu coração, desproporcional para o teu tamanho como o é o da manga. Provamos da tua generosidade, do teu apoio, da tua colaboração e da tua disposição, como a mangueira frondosa que abre os seus galhos para nos abrigar e proteger.
Vejo, neste momento, que brota dos teus olhos uma lágrima. Talvez seja o leite da manga arrancada ainda verde, que escorre e gruda na pele. como já disse, se tens tristezas, dores ou mágoas a tua pele não te denuncia, pois se está sempre viçosa. A manga, mesmo madura, amolecida e machucada conserva a sua pele firme.
Vejo em ti o doce sabor da manga. Quem já comeu uma salada de frutas, sabe que o sabor da manga na salada torna-a mais saborosa. A manga, também pode ser servida com pratos quentes, doces e salgados, tal a sua versatilidade.
Você, Marlene, é a manga rosa desta salada.
OLha, eu desabei. Hoje, quando lembrei disso, dei uma boa risada. Acho que naquele momento, eu parecia mesmo uma manga. Agora, de manga , acho que nao tenho mais muita coisa, não. Não gosto de manga madura. Fica muito doce, enjoativa. Talvez isso tenha ficado. Acho que estou mesmo um pouco enjoativa, doce demais, sentimental demais. Gosto dela meio madura, ainda com a polpa firme pra colocar na minha salada de frutas ou de verduras e só. Ainda bem que naquela época não existia a mulher melancia. De qualquer forma, minha amiga, obrigada. a intenção foi boa.
Um comentário:
Obrigado por esta reunião.
O seu jeito de escrever cativa e parece deixar um desejo de querer mais e então com frutas ainda é melhor.
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